sábado, 12 de junho de 2010

O Aniversário do Ti Limpas, uma Festa verdadeira!



O Ti Limpas tem sido um dos maiores obreiros da Confraria do Pão. Por este pobre País que esbanja milhões com tubarões de que só se conhece o dom da hipocrisia e da luxúria, já fez mais, muito mais, que todos eles juntos.
De borla, com sacrifício da saúde que lhe mingua mas sempre com alegria e prazer, sem se revoltar por receber de reforma menos que a milionésima parte do que recebe, por exemplo, o administrador da PT de quem só se conhece – e bem, ao menos aqui na região! – o engenho para «democraticamente» destruir empresas e lançar operários e demais trabalhadores no desespero.

Fez ontem 81 anos. Aproveitámos a disponibilidade do Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo, do Coimbra e de mais um punhado de Confrades entre os quais o Zé Rabaça, que veio de Corroios, e fizemos-lhe a surpresa de, com cante e poesia, à sua porta, aliviarmos a imensa dívida que sentimos ter para consigo.
A Nicolina e a Francisca prepararam a sopa que o Coimbra nos serviu e ao Coral de Viana, antes de rumarmos a Capelins. O Borda D’Água acrescentou queijos, vinho e muita (e boa) fruta, com a solidariedade que empresta aos seus actos de respeito pelas suas humildes origens.
A Dª Virgínia, de Vila Viçosa, e a Dª Josefa, de Capelins, fizeram os Bolos que acrescentámos ao da Ti Chica. O vinho (do Porto), vá lá saber-se como, foi oferecido, em sua memória, por um amigo de Emílio Peres e pela Minez Madureira, este enviado de Praga com dois beijinhos, pra ele e sua mulher.
O Bernardo, neto do Godinho, ajudou-nos a tender o pão que lhe ofereceu em nosso nome. E houve mais prendas, muitas prendas, para além das mensagens especiais de alguns confrades: do Tó, de Coimbra, da Maria Daniel e do Luís Paulo, do Porto, do Constantino, também de Coimbra, da Isabel, de Lisboa, do João Paulo, de Évora, do Mohamed, de Marrocos, do Feliciano, de Viana do Alentejo… E do seu neto, que reside em Lisboa, a quem possibilitámos um telefonema «especial».

Foi bonita, muito bonita, a Festa, como dizia uma suA vizinha, emocionada.
E simples, muito simples, tanto quanto a nobreza do carácter do homenageado que, ao ouvir as décimas que o Coimbra lhe fez, deixou correr uma lágrima…

Desta feita, também o João e o Godinho se disfarçaram de poetas. E ditaram, em nome de todos os Confrades e com alguns deles no coração:
JÁ ELE ERA PROFESSOR
QUANDO ENTRÁMOS PARA A ESCOLA
AGORA JÁ É DOUTOR
‘INDA ANDAMOS DE SACOLA
1.
‘Inda Abril florescia,
Já meio ferido por Novembro,
Um dia frio, em Dezembro,
Com muito de valentia
E outro tanto de alegria,
Lá partimos, com ardor,
Procurando, com rigor,
Os obreiros da Cultura.
Registe-se que, na altura,
JÁ ELE ERA PROFESSOR
2.
Na roda da nossa vida
Tudo pode acontecer…
E foi assim que, sem querer,
A uma ideia perdida
Com uma vida vivida
Entre o tractor e a sachola
Deixámo-lo na gaiola
E da grande reunião,
Excluímo-lo por omissão,
QUANDO ENTRÁMOS PARA A ESCOLA
3.
Mas o tempo se encarregou
De um dia nos redimir.
Então podemos ouvir
Uma lição que ecoou
Por Portugal e mostrou
Ti Limpas, com esplendor,
Combinando com amor
O saber e a razão.
Na Confraria do Pão
AGORA JÁ É DOUTOR
4.
Isto do conhecimento
Tem muito que se lhe diga,
É parecido com ‘ma briga
Que nos varre o pensamento,
Sempre e em todo o momento,
Não dando descanso à tola.
Pra ele só uma bitola
O pode satisfazer:
Aceitar que até morrer
‘INDA ANDAMOS DE SACOLA

O Cante, a Poesia, do Coimbra e do Ti Limpas, as palavras e os silêncios, tudo, com tanto de simplicidade como de fraternidade…
Pois foi, foi bonita a Festa, está a Cultura de parabéns.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Na Feira do Campo, em Aljustrel, a 11.06.10



Levámos Pão que demos a provar a quem quis connosco partilhar a caminhada destes milhares de anos em que ele tem sido «o incansável mitigador da Fome», «o inseparável companheiro do Homem».

Também levámos «o outro pão», que nos enriquece o Viver, que nos «alimenta a alma», a Cultura.

Distribuímos informação sobre «As vantagens do Pão Tradicional para a Saúde» e sobre «A Caminhada»; do Pão, claro. Deixámos uma centena de exemplares dum folheto com cinco décimas. E oferecemos o livro das «Actas do Congresso da Cultura Mediterrânica» para a Biblioteca Municipal.

Sobretudo, transportámos nos nossos corações e memória o que nos tem sido possível aprender com «os construtores do Saber». Alguns doutores, como Emílio Peres, outros com pouca instrução mas também cultos…

Procurámos ser sóbrios na postura e simples no verbo, sem perder o rigor.

Assinalámos que o Pão Tradicional é promotor da Saúde e que os outros feitos com farinhas corrigidas ou massas congeladas, a exemplo de baguetes, tostas, bolachas, cerais e outros que tais, são na generalidade alimentos perigosos que contribuem para as doenças do mundo moderno, à cabeça das quais a obesidade.

Lembrámos os tempos da Fome que volta a espreitar os campos de Portugal.
(…)
Tenho esta recordação
Do tempo do Estado Novo,
A maior parte do Povo
Tinha esta alimentação.
Pouco mais davam que o pão,
E tinha que ser aceite,
Por não haver quem respeite
O esforço violento
Só nos davam de alimento
UMA AÇORDA SEM AZEITE

Como denúncia de quem quer contribuir, como pode, para que ao Alentejo e ao País não volte a indecência da desumana exploração do homem pelo seu irmão.

E deixámos uma mensagem de esperança, aquela que dá razão ao nosso Viver:
(…)
Do infeliz me despeço,
Sobre o que ouvi me confundo
Há tantos outros no mundo
Que são generosos, confesso,
Labutando p’lo progresso
Em tanta transformação
E que dia após dia vão
Sempre praticando o bem
Pra que não diga ninguém
EU TENHO FOME E TU NÃO!

Tempo, ainda, para assinalar o nosso carinho por «irmãos de caminhada» da envergadura do Sérgio Godinho, a quem ofertámos um Pão de 3 Kgs.
Quem nos ouviu e connosco conviveu mostrou respeito pelo Pão. E pela Confraria. Até fomos entrevistados pela Rádio Voz da Planície e pela Rádio Pax. Em directo e sem censura, como agora já voltou a ser moda…

Tudo isto na véspera do 81º aniversário do Ti Limpas que amanhã vamos festejar com o Cante do Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo, com as décimas do Coimbra e com o Pão da Confraria que havemos de fazer para lhe levar e com ele recordar:
Na roda da nossa vida
Tudo pode acontecer
Mas o verdadeiro saber
Da Felicidade perdida
É uma jóia bem escondida
Pelo Povo com tradição
Que na sua alimentação
Conserva a simplicidade
De gritar em liberdade:
BEBA VINHO E COMA PÃO!

sábado, 5 de junho de 2010

A Confraria do Pão em Aljustrel, na Feira do Campo


No próximo dia 11, sexta-feira, a partir das 16h30m, no «Espaço Pão» da Feira do Campo, em Aljustrel, para além de um debate em que procuraremos demonstrar as vantagens para a Saúde, do Pão Tradicional, animado pelo João Madureira, médico, distribuiremos documentação e levaremos Pão para dar a provar aos visitantes.
Aliás, a Confraria do Pão participa neste evento para, como faz há mais dez anos, promover o Pão como cerne de um estilo alimentar e de vida, que urge preservar, assim como a cultura que se relaciona com esse estilo, desenvolvendo-a e harmonizando-a com os novos tempos.
A exemplo de Miguel Torga e tantos outros, reconhecemos na Cultura Popular, e na Alentejana em particular, importantes marcas do que de mais significativo a Humanidade vem produzindo ao longo da sua caminhada para … a Felicidade.
É também por isso que nos fazemos representar por mais três Confrades, legítimos representantes dessa Cultura:
- o João Godinho, artesão que o «desenvolvimento» atirou para o desemprego e é agora um dos responsáveis pelo Pão que a Confraria produz;
- o Ti Limpas, mais de oito décadas de idade e setenta anos de duro trabalho, Homem de profundo sentir e imenso Saber;
- e o Coimbra, Manuel João de seu nome, o qual na idade de ir «aprender a ler, a escrever e a rezar», que era tudo quanto era permitido na Escola do ditador Salazar, rumou pró trabalho. Descalço.

Ou seja, braço dado, Pão, Cultura e Ciência é quanto nos preparamos para partilhar com quem nos der a honra de nos visitar.