quarta-feira, 19 de maio de 2010

A voz da razão ecoou no Pinhal Interior. Com emoção, rigor e sobriedade!



Organizado pela CM da Lousã e pelo Ecomuseu Serra da Lousã, decorreu na tarde da última sexta-feira, dia 14 de Maio, no Lagar Mirita Sales - completamente esgotado -, a Conferência Pão – Sustento, Fermento, Alimento.
Depois de quatro horas de viagem em transporte da autarquia, passámos pelo Lagar para reconhecer o espaço e colocar na mesa um Pão de 3Kgs, já com uma semana.
Seguiu-se o almoço no Restaurante «Casa Velha», em que, depois da indispensável «Sopa de Legumes», degustámos a tradicional «Chanfana». Com broa e vinho. Posto o que avançámos para a Conferência.
A mesa do nosso Painel, o primeiro, foi presidida pelo Dr. Hélder Bruno, vereador da Educação da CMLousã, sentando-se à sua esquerda o Padre António Calisto e um dos mais antigos padeiros da Lousã, mestre Pereira. À sua direita o Ti Limpas, o Coimbra e o João Madureira. Ao Godinho coube distribuir pelos presentes o folheto com as seis décimas populares que integravam a nossa Comunicação, de molde a facilitar o seu acompanhamento.
E lá começámos a função, convictos da extrema importância do que nos propúnhamos fazer. No centro dela o Pão como cerne de um estilo alimentar e de vida, que urge preservar, assim como a cultura que se relaciona com esse estilo, desenvolvendo-a e harmonizando-a com os novos tempos – o foco dos princípios e valores que norteiam a acção e postura da Confraria do Pão.
Feitas as saudações, coube ao Coimbra apresentar «os obreiros do Pão» com uma décima sua em que caracteriza a sua vida: Tanto eu tenho trabalhado/ Durante uma vida inteira/ Mas nada tenho arranjado/ Só dores e esta canseira…
Seguidamente passámos em revista «a construção da Cultura Alimentar do Homem», até ao «nascimento do Pão», concluindo com uma décima do Ti Limpas: O que é o Homem e o Pão/No meu resumo singelo/É o Homem que o produz/Por ter um sabor tão belo…
Por esta altura já a assistência se tinha rendido à simplicidade com que partilhávamos o conhecimento. Era o momento de deixar sublinhada a importância da Cultura. Socorremo-nos do mote do Salgueiro, de Montemor-o-Novo, e da glosa do Anastácio Pires, dos Orvalhos, ajudados pela memória do Ti Limpas: Sem Cultura e sem noção/ Não pode haver alegria/ A Cultura é como o Pão/ Faz falta no dia a dia…
E assim continuámos ao longo de 45 minutos, sentindo, orgulhosos e gratificados, que poderíamos continuar pela tarde fora que ninguém arredaria pé, terminando, depois de lembrar através do Coimbra Jaime da Manta Branca e os tempos da Fome que voltam ameaçar os humildes(Não vejo se não canalha/ De banquete pra banquete/ Quem produz e quem trabalha/ Come açordas sem azeite…), com a glosa do Ti Limpas ao mote Dá-me cá um bocadinho/ Tu que tens o Pão na mão/ Trabalho eu gozas tu/ Eu tenho fome e tu não…
Tudo interligado com informação científica actualizada e demonstrativa dos maus comeres e viveres de cidade, da necessidade de avaliar criticamente o que nos pretendem impingir como «ciência» e «inovação», da premência em vigiar a acção dos governantes impedindo-a de ser subordinada ao interesse económico.
Enfim, cumprimos, orgulhosos, a missão a que nos propuséramos, enriquecendo, com o imenso calor humano que nos dispensaram, o Pão que fazemos e partilhamos com Amor.
Seguiu-se o restante programa, interessante, complementar e elucidativo da justeza do nosso caminho.
De parabéns pode sentir-se, como nós, a Câmara Municipal da Lousã. Viva o Pão!

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