segunda-feira, 20 de abril de 2009

Confraria do Pão... "Tiborna da VIDA"


Queridos IRMÃOS Madureira e Godinho,
Não, não estou esquecido... E aqui mesmo juro que tudo farei para continuar a manter vivo e presente que há Lutas... Valores... Gestos e Sabores... Caminhos e Rumos… Mulheres e Homens, de ontem como de hoje, mas já também os de amanhã… que nunca cairão esquecidos.
Não... não me esqueci que tenho dívidas que nunca poderei liquidar...
E é tão reconfortante de repente (re)conhecer, ainda mais nos dias de hoje em que nada existe sem um código de barras atrelado e em que tudo tem €'s apensos, que há dívidas que nunca poderão ser pagas!... Porque é mesmo aí, desse momento de consciência liberto das ilusões do espaço e do tempo, que emerge a noção de BEM (no sentido económico -não mercantilista-, Filosófico... Espiritual…), que emana a genuína SOLIDARIEDADE… é nessa terra fértil que germina o genuíno, espontâneo, desinteressado, fraternal e infinito sentido de pertença e de PARTILHA.
Assediaram-nos... montaram-nos o cerco e tudo isto nos têm querido roubar.

DESENGANEM-SE!...

… Apenas conseguiram... esfriar o forno… se é que disso foram capazes. Mas neste "Forno" - e só quem dele se abeirou o sabe, só quem à sua boca nas madrugadas frias de Janeiro se "aqueceu", só quem nas tardes de Primavera do seu ventre aspirou a vida - no coração deste "Forno", num lugar vedado à ganância e à mentira, à cegueira e à rapina, guarda-se uma centelha de “Luz” que jamais alguém poderá apagar... reserva-se um “Crescente de Esperança” que nenhuma minúscula aUTORIDADE desta terra será alguma vez capaz de esvaecer.
E é por isso que, aconteça o que acontecer, à nossa mesa, na nossa tigela, sempre haverá… pedaços quentes de PARTILHA (re)partidos à mão.

Quem manda e tem aUTORIDADE pode até ser capaz de nos desenraizar das nossas velhas oliveiras, cânticos vivos de resistência à adversidade do tempo e da terra… Pode até levá-las para bem longe de nós, por velozes auto-estradas, como meros objectos comerciais de decoração, subtraídas na sua dignidade rumo a jardins de requintadas mansões.
Pode tudo isso fazer, que da essência que emana dos braços rendados destas nossas irmãs não conseguirão separar-nos...
… Não, a PAZ não nos levarão. É por isso que, longe da vista, ainda assim continuaremos a tê-las sempre junto do coração… É por isso que continuaremos a seguir-lhes o exemplo de inquebrantável mas pacífica e tranquila resistência… aos obstáculos com que nos minam o caminho!
E é por isso que na nossa tigela regamos sempre a PARTILHA com um… áureo fio de PAZ

Podem até envenenar os nossos campos com a pestilência da pressa e da avidez, com os venenos do lucro fácil e rápido, cegos a meios mas também ao fim… Podem até dizimar espécies… levar à morte os enxames e emudecer-nos os campos e charnecas do labor das nossas irmãs abelhas… Podem sim, podem tudo isso fazer. Mas do néctar da Vida e do Labor Honesto não conseguirão afastar-nos!

E é por isso que na nossa tigela… tudo caldeamos com TRABALHO e VIDA numa mistura melífera.

ESTAS SÃO AS CERTEZAS que queremos um dia voltar a partilhar, em especial com aquelas tantas crianças e jovens que um dia entraram no Monte das Galegas e, em festivo e fraternal convívio, junto ao “Forno”, connosco saborearam a alegria da alquimia, a magia da transmutação, servida na forma de uma Tiborna… temperada de PARTILHA plena, PAZ profunda e TRABALHO digno!

ESTA SIM, É UMA DÍVIDA QUE TEMOS…
E QUE QUEREMOS SALDAR AO… FUTURO!

Até lá, continuaremos serena e atentamente “caminhando”… confiantes… pois que também no caminhar há Arte e Dádiva!

O confrade João

sexta-feira, 17 de abril de 2009

In Diário do Sul de 14.04.09, pág. 17

A Confraria do Pão

Várias vezes comi de lá excelente pão. Sabia que era bem feito e a Confraria é prestigiada. Graças ao João Madureira e aos seus confrades, foi reavivado o historial e valor do Pão Alentejano. É certo que a fiscalização foi feita para corrigir mas ao que sabemos o PÃO da Confraria é um produto de qualidade. Não se podem perder as nossas tradições e é preciso que o Pão volte às nossas mesas.

José Mendes



Caro Amigo

Não temos o prazer de o conhecer mas sentimos que é nosso irmão nesta batalha em que, com o apoio dos mais informados, vamos resistindo ao hipócrita poder que pretende «fazer esquecer as tradições» em nome de uma pseudo saúde pública.
Não será fácil derrotar-nos… Voltará a ter «o nosso Pão» na sua mesa em breve.
E, BEM HAJA PELAS SUAS PALAVRAS!

João do Pão

quarta-feira, 8 de abril de 2009

PRECISANDO...


No dia 07.04.09, na página 17 do DN, a Jornalista Carla Aguiar publicou uma notícia sobre a Confraria do Pão, a qual ilustrou com uma fotografia «festivaleira» preterindo todas as que lhe remetemos.

Face a algumas lamentáveis imprecisões, tomámos a decisão de lhe enviar a seguinte carta, ficando à espera da necessária rectificação no DN.


«Confraria do pão ainda não o pode fazer», in DN de 07.04.09, pág.17

Cara Carla Aguiar,

Compreendmos a dificuldade que deve ter sentido em «perceber» o que é a Confraria.
Também conhecemos os constrangimentos que estão presentes na sua profissão.
Não compreendemos que, assim mesmo, tenha optado por nos «ofender».
Vejamos como se consumou a sua falta de rigor, que consideramos ofensa:
A ilustração que escolheu é indigna da acção que a Confraria leva a cabo. Tendo presente que lhe enviámos 4 fotografias do milhão que temos disponíveis, ao não ter optado por nenhuma deveria merecer termos sido informados. Ter junto à fotografia «festivaleira» tipo «Expo-Guadiana» ou «Feira das Açordas» a legenda escolhida (Confraria do Pão continua com as suas actividades pedagógicas) é ofensa grave uma vez que lhe demos a conhecer com as fotos que lhe enviámos como são as nossas actividades pedagógicas.
Se a Confraria do Pão tivesse recebido as centenas e centenas de crianças e jovens que a visitaram, tal como os adultos, com as «suas» actividades, melhor seria termo-nos dedicado à pesca no «Grande Lago» a que, curiosamente, o Arquitecto Ribeiro Teles denominou de Grande Charca nas barbas do Presidente da Edia e do Presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz.
A afirmação de que « a ASAE… ordenou a suspensão do fabrico de pão na confraria por falta de higiene, falta de condições técnico-científicas e falta de licenciamento» é falsa. Nem a ASAE nem o Senhor Juiz se permitiriam chegar tão longe. Fique-se pelo licenciamento e a não implementação das normas comunitárias, nomeadamente sobre Higiene e Segurança Alimentar, mais concretamente porque não demonstrou que os seus funcionários tivessem frequentado formação no âmbito da higiene e segurança alimentar, não demonstrou que tivesse um controlo de pragas seguro e eficaz, e não demonstrou que tivesse um controlo de qualidade da água que utiliza na confecção do seu pão. Ou seja, a Confraria do Pão não exibiu uma série de documentos. O que é diferente, substancialmente diferente, de lhe faltarem condições de higiene ou até competência profissional. A Confraria do Pão tem (e tinha) todas as condições de Higiene na produção do seu Pão. Quanto às técnico-científicas, registamos a provocação de que, ao menos, foi intermediária.
Bem sabe a Carla que se tivesse lido os documentos dos nossos Blogs que lhe foram sugeridos, só por má fé teria posto na boca do Presidente da Confraria do Pão que «numa segunda acção, às cinco da manhã. Era um imenso aparato, com elementos armados e a GNR». O que foi dito e aconteceu foi que a primeira (cordial) visita da ASAE teve lugar às cinco da manhã. Na segunda, antes de terminado o prazo legal para recurso, 4 Inspectores da ASAE, armados, requisitaram a presença de mais 4 GNRs para forçarem a entrada na Propriedade. Ficaram ao portão que lhes não foi aberto pelo (único) confrade presente. Nunca foi usada a força, muito menos pela GNR. E a entrega da Notificação ao confrade foi feita na estrada nacional, junto ao portão. De aparato, só este.
Finalmente, apontar como curiosidade a condição de Confrades aos Professores Eduardo Lourenço, Augusto Santos Silva e Mustapha El-Abaddi, Director do Museu de Alexandria é, acreditamos, um lapso que se compreende uma vez que os mesmos foram referidos enquanto personalidades que estiveram na Confraria do Pão no Congresso de Cultura Mediterrânica. Mas há lugar a perguntar porque razão, qual o critério jornalístico, que levou a Carla a esquecer:
o Senhor Professor Mariano Gago, actual Ministro de Ciência e do Ensino Superior;
o Professor (Universidade de Paris e Universidade de Roma) Pedrag Matvejevitc;
a Senhora Professora Maria Daniel Vaz de Almeida (Presidente da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto);
a Senhora Professora Maria Manuel Valagão, do Instituto Superior Ciências do Trabalho e Economia (ISCTE), também técnica superiora do Ministério da Agricultura;
a senhora professora Maria Manuela Cavalheiro, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Acontece que em relação a estes que ignorou como Confrades, recebeu fotos que ilustram a sua condição! Porquê?

A Confraria do Pão, magoada, não quer deixar de desejar à Carla Aguiar que continue a honrar a sua profissão e o prestigiado órgão de comunicação social para que trabalha. Mas espera que o faça com mais rigor e, se possível, com maior sensibilidade para com os verdadeiros problemas do mundo rural. Desta vez, desperdiçou uma boa oportunidade de melhor o ficar a conhecer.
Está a tempo de, pelo menos, rectificar o artigo, com publicação pelo menos duas das fotos que lhe enviámos e acima reproduzimos.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

«DECLARAÇÃO DE INTENÇÕES!»

Predrag Matvejevitc, uma das maiores personalidades da Cultura Mediterrânica, a «enterrar a semente», com o Ti Anastácio e o seu «Boneco» - Novembro de 2002
(Foto de Luís Monte)



A Confraria do Pão (Alentejo), vive um momento muito difícil resultante de um conjunto de factores que estão identificados e a seu tempo serão tornados públicos, contextualizados e largamente documentados, através da edição de «A Nova História do Pão – A Confraria e o Poder Contemporâneo».
Ao contrário dalguns, felizmente poucos, confrades que encaram a mudança da sede social, não só de concelho, como até, eventualmente, de país,
estamos cá para ficar e combater as iniquidades. E dificultar a vida aos “arrivistas”. Este é o nosso espaço identitário e por ele lutaremos. O nosso desígnio enquanto associação cultural não nos permite outras atitudes. Qualquer que seja o preço que tenhamos de pagar.
Contudo, quem nos conhece sabe bem que nunca derrotará os princípios pelos quais pautamos a nossa acção, entre os quais a frontalidade com que recusamos os aliciamentos mais ou menos obscuros; que ganha sentido porque jamais olvidamos a lealdade com que justificamos as nossas opções e comportamentos.
Nesta época de crise da Cultura e dos princípios, sem reivindicar nada mais do que o direito a assim pautar o nosso viver, consideramos importante esclarecer que nada nos move contra a ASAE, mesmo quando consideramos a sua existência inconstitucional.
As «polícias», cada vez mais tornadas necessárias pelo viver contemporâneo, norteiam a sua acção por Leis e Regulamentos que são da responsabilidade dos governantes, é bom não esquecer que mandatados através de eleições livres, à luz da noção moderna de liberdade. E mesmo quando da interpretação daquelas resultam excessos aberrantes, é ao(s) Governo(s) que se deve imputar a responsabilidade.
Assim, a Confraria do Pão compreende a acção que a ASAE, consta que a pedido do Presidente da Câmara de Alandroal, levou a efeito aparentemente contra a sua produção de Pão. Tal como compreende, discordando, que o Juiz do Tribunal de Redondo, entenda confundir a Confraria com uma empresa e nela constatar, em abstracto como ditou, um perigo para a Saúde Pública, mesmo que suportado na pressuposta utilização de água dum poço inexistente, como deixou exarado na sentença.
Cada um no seu lugar.
À ASAE, esperamos, compete cumprir ordens governamentais.
Aos Tribunais administrar a Justiça, convinha que mais rapidamente, tanto para o Primeiro-ministro como para o cidadão João-Sem-Pão.
A Confraria, quando da acção daqueles resultem danos significativos para a prossecução dos seus objectivos estatutários, mesmo que constrangida, pugnará por informar a opinião pública de molde a, através da análise e crítica, contribuir, directa e indirectamente, para melhorar as leis e a sua interpretação, denunciando sempre que tal se mostre necessário o(s) governante(s) responsáveis, seja por acção, seja por omissão ou demissão.
Podem descansar os que gostariam que nos sentíssemos vítimas ou que enveredássemos pelo pessoalismo. Continuamos a defender ideias de que resultam «combates». Sempre e só na busca de novas auroras de fraternidade e simplicidade, em que a Liberdade seja… concreta!
E se é certo que recusámos publicamente partilhar o nosso Pão com o então Presidente Bush, aqui convidamos o Presidente Obama a comer uma Sopa (com o nosso Pão) nas nossas instalações. Sempre que quiser. Mesmo com a proibição da ASAE, dos Tribunais e dos Governantes. Em ambiente fraterno. E livre, o que significa que lhe não prestaremos vassalagem; mesmo (ou por) lhe reconhecermos uma postura responsavelmente dialogante.
Já agora, aconselhamo-lo, por questões de Saúde Pública, Ambiente e Higiene da Mente, a vir antes dos milhares e milhares de postos de trabalho que vão (?) ser criados pelos empreendimentos turísticos que se irão (?) estender desde Juromenha ao (novo) condado do Esporão e até à da Serra d’Ossa, como verdadeiros PINs
[1] que já são desde há anos, com ou sem paraísos fiscais.
Como dizia o nosso querido António Aleixo, «Prá mentira ser segura e atingir profundidade, tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade». Nos tempos que correm, já chega pouca coisa. A memória encurtou na razão inversa da indignidade.
Pobre democracia que se alicerça nestes «interesses».

[1] PIN = Projecto de Interesse Nacional