terça-feira, 7 de dezembro de 2010
SEMEANDO... (Manuel da Fonseca)
Só hoje nos é possível iniciar a publicação da(s) notícias sobre o evento que o Centro de Documentação do Pão levou a efeito no dia 20.11.10, com a nossa colaboração e a do Centro Cultural Popular Bento de Jesus Caraça.
Começamos pela «Mesa de Homenagem a Manuel da Fonseca», moderada por Camilo Mortágua e que contou com os depoimentos de Matos Serra e Luís Filipe Rocha.
Para além de alguns outros contributos, nomeadamente o do Tonico Rações, o cante do Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo enriqueceu o momento, que consideramos «histórico», dada a profundidade do conteúdo da mensagem que ao autor do filme «Cerro Maior» houve por bem partilhar com os presentes.
Camilo Mortágua, lastimando não ter convivido de mais perto com Manuel da Fonseca, deixou a terminar a sua convicção da importância, cada vez mais premente, da Amizade, como valor a salvaguardar «nos tempos que correm».
Deixamos, em vídeo, um apontamento do ocorrido.
http://www.youtube.com/watch?v=9UPGsIBXe-w
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sábado, 4 de dezembro de 2010
INOVAÇÕES DESENVOLVIMENTISTAS
As fotos referem-se a dois momentos de Manuel Fialho na Confraria do Pão: junto ao Forno, cantando Fado, no decurso de um Almoço por si confeccionado para Amigos e Confrades; no dia 08.06.02, a quando da sua entronização.
Caro Manuel Fialho
Vimos felicitar-te pela distinção com que os teus Confrades te honraram. Merecida, mais que merecida, justa. Pelo que tens feito pela Gastronomia. Em geral, e a Alentejana em particular.
Claro que vamos aproveitar para te lembrar dois ou três factos, curiosos e «actuais», tanto mais que os que te honram contigo estão envolvidos em estratégias aparentemente obscuras.
Passemos, então, a eles.
És (?) também Confrade da Confraria do Pão (Alentejo). A qual sempre te distinguiu com o reconhecimento das tuas qualidades e a compreensão para com as limitações. Para aceitarmos algumas delas foi-nos necessária muita paciência…
Por exemplo, quando em 2001 e na sequência da nossa pública (no Jornal Há Tanta Ideia Perdida) intenção de organizar o I Congresso de Cultura Mediterrânica, nos vieste anunciar «um Congresso de Dieta Mediterrânica» que estaria já agendado «desde há muitos meses». Bem te lembrarás que nos foi fácil descobrir o papel que tu, a «tua» Confraria e o então Secretário de Estado do Turismo, desempenharam na tramóia, «cozinhada» em Dezembro num repasto conspirativo no decurso do Festival Gastronómico de Caça. Foi preciso paciência, muita paciência, para não tornar público a produção de documentos (cartas) falsas e outras indignidades próprias de politiqueiros que reconhecemos não seres mas em que te deixaste envolver.
Já então tinhas «queimado» as mãos na sertã, oportuna e faustamente organizada no Museu de Artesanato de boa memória, ostensivamente esquecendo (e ofendendo!) as e os obreiros da Cultura Gastronómica desta região, simples, sóbria e fraterna, tanto quanto simboliza uma açorda comida do barranhão ou umas migas gatas da sertã.
Depois, em Outubro ainda de 2001, em Santarém, no âmbito de uma Assembleia Geral da Federação das Confrarias Gastronómicas de que eras Presidente, organizaste e promoveste a presença duma técnica do Ministério da Agricultura para «dirigir» os trabalhos e se preparar para nos, aos sócios, entenda-se, ditar orientações e impor caminhos. Ao que, como te lembrarás, a Confraria do Pão reagiu com a dureza necessária para evitar a conspurcação dos princípios que regem a vida associativa.
A mesma, já então conhecida no Ministério pelos seus interesses particulares (familiares) na Certificação, que se opunha violentamente à prosseguida certificação do Pão Alentejano por parte da nossa Confraria.
A mesma que desconhecia o termo marrocates e sobre eles só pretendia saber a receita!
A mesma que, no Ministério da Agricultura de Itália, foi denunciada em Abril de 2002 como «pessoa de mau carácter» pelos argumentos que, em nome de Portugal, usava nas instâncias europeias para se opor à certificação do «Pão de Altamura», curiosamente parecido com o nosso. Como a seu tempo publicámos no «Há Tanta Ideia Perdida» que, como Confrade, recebias regularmente.
A mesma que «deixou preparar» para o então Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, em Fevereiro de 2003, um dossier com que, entusiasmado, nos recebeu, pronto a anunciar-nos o desbloqueamento das dificuldades da certificação. O dossier em questão, afinal, tratava-se da certificação dos «pães» de uma das duas grandes empresas criadas precisamente para, a coberto de amizades, compadrios e impunidades, produzirem descaradas (e perigosas!) falsificações de «Pão do Alentejo», acumulando avultadíssimos lucros.
A mesma que, no mesmo ano de 2003, havia ignorado as conclusões de um estudo encomendado pela CCRA (actual CCDRA) que apontava para o Pão Alentejano como principal produto tradicional, uma vez mais obstruindo a sua certificação, «impossível», como salientou, antes de passar ao… mel.
A mesma com quem os teus Confrades (e tu!) estão irmanados para «a certificação do Pão Alentejano para que os consumidores não comprem gato por lebre».
Está garantido, a impunidade com que circulam no Alentejo e na Região de Lisboa as perigosas falsificações a que atrás nos referimos vai ser certificada. Com o apoio da «tua Confraria» e da Técnica que deixou (má) fama no Ministério onde trabalhava e na União Europeia.
Já se vê, certificação elaborada sem a Confraria do Pão (Alentejo), para que os consumidores melhor possam confundir os gatos com as lebres. Ou seja, certificando as gatas e esquecendo as migas. Em nome (e ao serviço) do interesse económico.
Nunca em nome do Pão, contra O PÃO!
Como se fosse possível a confusão entre o Godinho da Confraria e o de Aveiro…
Pobre Manel!
Pobre Manel!
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010
com a nossa colaboração...
É já amanhã, SÁBADO, DIA 20 DE NOVEMBRO, que o CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DO PÃO, leva a efeito uma Jornada Cultural em que se vão Semear:
O PÃO (sementeira tradicional)
A MEMÓRIA (alguns apontamentos históricos sobre os 11 anos que a Confraria do Pão completou no passado dia 11 do corrente)
AS IDEIAS (através da recordação de Manuel da Fonseca, a cargo de Camilo Mortágua, Luís Filipe Rocha e Matos Serra)
Foi também lançado a alguns Poetas Populares o desafio para glosarem o mote
A Poesia é uma arma
Que defende a Liberdade.
Não há mentira que valha
A grandeza da verdade.
Para o evento, que conta com a colboração, para além da Confraria, do Pão da Confraria, Lda, e do Centro Cultural Popular Bento de Jesus Caraça, conta-se com o apoio das Pirâmides de São Pedro, Lda (Alandroal), de Ouassima Alfaial (Marrocos), de António Figueira (Aldeia da Venda), de Inácio Godinho (Seixo) e de Francisco Borda D'Água (Estremoz).
Os trabalhos, que terão início pelas 10h30m, encerrarão com um Jantar Cultural, o qual contará com a presença do Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo.
domingo, 17 de outubro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
UM BANHO DE CULTURA... IMPRESSIONANTE!
Jerónimo Lagartixo no Cinquentenário da morte de Florbela Espanca
Organizado pelo Centro de Documentação do Pão, associação que pretende prosseguir a acção cultural a que a Confraria do Pão meteu ombros há mais de dez anos, realizou-se no último sábado, dia 18 de Setembro, no Monte das Galegas, uma importante jornada de cultura.
Foi preciosa a colaboração do Centro Cultural Popular Bento de Jesus Caraça, facilitando a presença de alguns dos melhores poetas populares alentejanos. Também a Confraria colaborou, nomeadamente com uma conversa/conferência, sobre Pão naturalmente, desta feita focalizando também o problema da fome que já assola mais de 925.000.000 (novecentos e vinte cinco milhões!) de seres humanos.
O Professor José Orta, da Escola Superior de Educação de Beja, chamou a si a abertura do evento debruçando-se com entusiasmo e profundidade sobre o tema «Cultura e Desenvolvimento Sustentável», cujo conteúdo contamos muito brevemente publicar e servirá seguramente para futuras reflexões e animados debates.
Depois, foi tempo de recordar duas personalidades da Cultura Alentejana; primeiro o Jerónimo Lagartixo, sobre o qual um cidadão do mundo, presente, deixou registadas as seguintes palavras:
«Bem melhor seria o mundo se os poetas também governassem. Sem muito querer saber do poder. Mas do poder também querer saber. A poesia estar sempre na rua. Não há escola como a rua. Para saber e para aprender. Eu por mim, tive o prazer de conhecer o Jerónimo Lagartixo no II Encontro Regional de Olaria, no Redondo, em 1981. Um Homem fascinante pela sua cultura. E tão humilde como ninguém. A ele, sim, se poderiam dedicar os versos de António Machado:
Caminhante, não há caminho. Faz-se o caminho ao andar!
Porque algumas vezes o vi caminhar. Do Freixo até Évora, a pé, rumo ao Diário do Sul, onde era jornalista.
Era uma vez, em Nisa, quando me disse:
Vi trabalhar noite e dia
À chuva e ao calor
Há Tanta ideia perdida
Não há quem lhe dê valor.
E sobretudo, com o prolongar da noite, também fazia questão de afirmar:
Viva a República Carbonária, autêntica e libertária!
Agora não me perguntem a mim como é possível não guardar na memória um homem tão nobre como o Jerónimo Lagartixo. Claro que guardei!»
De seguida, um casal que trabalhou e conviveu com Jaime Velez, o Manta Branca, ajudou-nos a melhor compreender a personalidade do repentista autor das conhecidas décimas
Não vejo senão canalha
De banquete pra banquete
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem azeite
Finalmente o epílogo, com participação de vários poetas alentejanos que glosaram o mote da autoria do Dr. Américo Ponces, natural de Santiago Maior:
Uma açorda sem azeite,
Também de seca chamada,
Era carne, pão e leite
De quem não tinha mais nada
Tudo condimentado com a música e o cante do «Vento Suão», como que a empurrar-nos a viajar, sem medo, por tantas e tantas recordações.
Estava a jornada (quase) a terminar quando o Camilo Mortágua, com a lucidez a que nos habituou desde há décadas, houve por bem fazer, como nas décimas, o remate que se impunha:
«Seria talvez uma medida inteligente pedir aos partidos políticos que confiem aos poetas os seus programas. Eles andam prá aí todos tão preocupados em encontrar quem lhes redija os programas que se calhar se eles o pedissem aos poetas a gente percebia-os melhor.»
E lá partiram, optimistas como nos apraz, para «quase todo o Portugal», poetas, músicos e demais participantes, provavelmente com o sentimento que o Guanito, de Loulé, deixou escapar: um banho de cultura... impressionante!
O Dr. Emílio Peres, o Dr. Alexandre Torrinha e o nosso querido Dom José, com o Jerónimo, o Jaime e tantos e tantos outros que estavam nos nossos corações, fizeram questão de serem os últimos a rumar, neste caso para o universo, cada vez mais certos de que só se perdem as lutas que se abandonam.
Organizado pelo Centro de Documentação do Pão, associação que pretende prosseguir a acção cultural a que a Confraria do Pão meteu ombros há mais de dez anos, realizou-se no último sábado, dia 18 de Setembro, no Monte das Galegas, uma importante jornada de cultura.
Foi preciosa a colaboração do Centro Cultural Popular Bento de Jesus Caraça, facilitando a presença de alguns dos melhores poetas populares alentejanos. Também a Confraria colaborou, nomeadamente com uma conversa/conferência, sobre Pão naturalmente, desta feita focalizando também o problema da fome que já assola mais de 925.000.000 (novecentos e vinte cinco milhões!) de seres humanos.
O Professor José Orta, da Escola Superior de Educação de Beja, chamou a si a abertura do evento debruçando-se com entusiasmo e profundidade sobre o tema «Cultura e Desenvolvimento Sustentável», cujo conteúdo contamos muito brevemente publicar e servirá seguramente para futuras reflexões e animados debates.
Depois, foi tempo de recordar duas personalidades da Cultura Alentejana; primeiro o Jerónimo Lagartixo, sobre o qual um cidadão do mundo, presente, deixou registadas as seguintes palavras:
«Bem melhor seria o mundo se os poetas também governassem. Sem muito querer saber do poder. Mas do poder também querer saber. A poesia estar sempre na rua. Não há escola como a rua. Para saber e para aprender. Eu por mim, tive o prazer de conhecer o Jerónimo Lagartixo no II Encontro Regional de Olaria, no Redondo, em 1981. Um Homem fascinante pela sua cultura. E tão humilde como ninguém. A ele, sim, se poderiam dedicar os versos de António Machado:
Caminhante, não há caminho. Faz-se o caminho ao andar!
Porque algumas vezes o vi caminhar. Do Freixo até Évora, a pé, rumo ao Diário do Sul, onde era jornalista.
Era uma vez, em Nisa, quando me disse:
Vi trabalhar noite e dia
À chuva e ao calor
Há Tanta ideia perdida
Não há quem lhe dê valor.
E sobretudo, com o prolongar da noite, também fazia questão de afirmar:
Viva a República Carbonária, autêntica e libertária!
Agora não me perguntem a mim como é possível não guardar na memória um homem tão nobre como o Jerónimo Lagartixo. Claro que guardei!»
De seguida, um casal que trabalhou e conviveu com Jaime Velez, o Manta Branca, ajudou-nos a melhor compreender a personalidade do repentista autor das conhecidas décimas
Não vejo senão canalha
De banquete pra banquete
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem azeite
Finalmente o epílogo, com participação de vários poetas alentejanos que glosaram o mote da autoria do Dr. Américo Ponces, natural de Santiago Maior:
Uma açorda sem azeite,
Também de seca chamada,
Era carne, pão e leite
De quem não tinha mais nada
Tudo condimentado com a música e o cante do «Vento Suão», como que a empurrar-nos a viajar, sem medo, por tantas e tantas recordações.
Estava a jornada (quase) a terminar quando o Camilo Mortágua, com a lucidez a que nos habituou desde há décadas, houve por bem fazer, como nas décimas, o remate que se impunha:
«Seria talvez uma medida inteligente pedir aos partidos políticos que confiem aos poetas os seus programas. Eles andam prá aí todos tão preocupados em encontrar quem lhes redija os programas que se calhar se eles o pedissem aos poetas a gente percebia-os melhor.»
E lá partiram, optimistas como nos apraz, para «quase todo o Portugal», poetas, músicos e demais participantes, provavelmente com o sentimento que o Guanito, de Loulé, deixou escapar: um banho de cultura... impressionante!
O Dr. Emílio Peres, o Dr. Alexandre Torrinha e o nosso querido Dom José, com o Jerónimo, o Jaime e tantos e tantos outros que estavam nos nossos corações, fizeram questão de serem os últimos a rumar, neste caso para o universo, cada vez mais certos de que só se perdem as lutas que se abandonam.
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sexta-feira, 10 de setembro de 2010
NO SÁBADO, DIA 18 DE SETEMBRO
A Confraria do Pão e o Centro cultural Popular Bento de Jesus Caraça, colaboram na realização «Nem só de Pão vive o Homem» que o Centro de Documentação do Pão leva a efeito na tarde de sábado, dia 18 de Setembro, com a participação de inúmeros poetas que glosarão o mote, de Américo Ponces, médico jubilado natural de Santiago Maior, concelho do Alandroal, a residir em Coimbra:
Uma açorda sem azeite,
Também de seca chamada,
Era carne, pão e leite
De quem não tinha mais nada.
Para além de duas conferências (Cultura, motor de desenvolvimento, pelo Doutor José Orta, e Uma açorda sem azeite p'ra quem não tinha mais nada, pelos nossos confrades João Madureira, Ti Limpas e Coimbra), haverá ainda lugar à recordação de Jerónimo Lagartixo e Jaime da Manta Branca através da participação de contemporâneos dessas duas importantes figuras da Cultura Alentejana.
O Cante a a Música estarão a cargo do Grupo Vento Suão, do Vimieiro.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
A Resistência, a Cultura e os Boys: Assinalando a Morte de Alfredo Tinoco
Morreu ontem mais um dos nossos Confrades. Neste caso, também político que vinha de «antes de Abril», do tempo da resistência.
Contudo, foi na condição de homem de Cultura e Ciência que se cruzou com a Confraria do Pão, acompanhado de André Michele, de origem francesa e radicado no Canadá há décadas, onde desenvolve meritório e reconhecido trabalho com os Almeríndios.
Entusiasmou-se com o que viu e viveu nessa distante tarde de Primavera de 2001 e, do alto da sua vivência universal e universalista, com a autoridade do cargo que então ocupava (Presidente do MINOM, Movimento Internacional da Nova Museologia), assinalou as potencialidades que reconhecia ao nosso Projecto para se implantar como Museu Vivo.
No ano seguinte, já Confrade, ajudou-nos a erguer o I Congresso Português de Cultura Mediterrânica, cuja Comissão Científica integrou, e no qual proferiu importante conferência, de que destacamos:
«Se olharmos à nossa volta, veremos uma seara em crescimento. Perto dela uma eira lageada, mais além o lançamento do que há-de ser um moinho de vento, do outro lado uma azenha que a força das águas há-de mover, aqui cerca de nós o forno onde se coze o pão. Neste microcosmo que é a Confraria do Pão, estão, em torno desse mesmo pão, para que a semente se transmute no pão dos homens, congregados os elementos do universo todo: terra, água, ar e fogo. Sem isto, não há pão. Sem eles não há vida.
É em torno disto e com isto que a Confraria pode e quer construir o Museu Vivo do Pão.
Antes de mais, saber da terra, cuidar dela.... O homem sempre precisou da terra e vamos precisar dela cada vez mais. Também para essa educação há-de servir o museu.
Depois, mostrar ao vivo todo o ciclo do trigo. …E há lá coisa nenhuma mais bonita e mais prenhe de futuro que o gesto largo e preciso do semeador que fecunda a terra … Este ciclo do trigo coincide, não por acaso – são ciclos de vida – com o ciclo escolar. Porque não hão-de as escolas galgar as paredes da sala de aula e vir ao Museu Vivo… podem aprender vendo e fazendo, receber uma “lição das coisas”, aprendem a amar e a valorizar a terra e aprenderem a justa dimensão do valor humano do trabalho que as quatro paredes da escola não permitem aprender. ..
Não me admira que muitos não saibam hoje o que é a entrosga de um moinho ou que não diferenciem os vários sistemas de moagem verticais e horizontais em uso nos moinhos movidos a água. O que já me causa mais admiração é que já vá havendo crianças que não saibam qual é a origem do pão que, afinal, comem todos os dias.
… Há, finalmente, que meter as mãos na massa. Há que perceber como se doseiam a farinha, a água, o sal e os fermentos para que possamos ter um pão saboroso, agradável e nutritivo, ou seja, saudável. Há que conhecer as alfaias necessárias, há que dar forma ao pão, deixá-lo fermentar o tempo exacto.
Há também que preparar o forno. Conhecer as técnicas e os processos bem como as diversas tipologias de fornos, suas vantagens e inconvenientes. Determinar a temperatura e os tempos de cozedura correctos. Também disso depende a boa qualidade do pão. Também isso é necessário aprender. E, depois, saborear o pão. Todos estes saberes cumpre ao Museu do Pão conservá-los e transmiti-los.
E quando falo aqui de saberes, na perspectiva do Museu Vivo, refiro-me evidentemente, aos saberes científicos e técnicos que temos de guardar e actualizar no Centro de Documentação, mas também aos saberes empíricos, aos saberes práticos, aos saberes-fazer …Tarefa do museu, para além de conservar os objectos, é também conservar os saberes que lhe estão associados, pô-los em colóquio, confrontá-los, disponibilizá-los a quem os quer entender.
…
Quem aqui esteve por ocasião da última ceifa pôde percebê-lo e experimentá-lo. O mesmo se diga do que aconteceu por ocasião da sementeira desta seara que aí está à espera de ser pão. Foi ver jovens e menos jovens aprendendo com quem detém os saberes a abrir os regos na terra e a lançar as sementes.
… É isto que se tem proposto fazer a Confraria do Pão. É, afinal, isto que temos estado aqui a fazer nestes dias de trabalhos do I Congresso da Cultura Mediterrânica – ajudar a constituir a colecção sistémica do “Museu Vivo” que neste caso teve por temas a Terra, o Homem, o Pão neste ecossistema que é o Alentejo que se enquadra e interage com e num sistema mais vasto que é o mundo mediterrânico.
É claro que este é um caminho penoso, é um método difícil, mas pleno de potencialidades.
Trata-se de divulgar e de fazer reconhecer a dignidade e as expressões e os saberes de todas as camadas da população.
Um museu nunca está acabado, está sempre em devir.
Bem hajam todos os que têm contribuído para a construção do Museu Vivo – Confraria do Pão! Bem hajam.»
A Presidência da então CCRA, ora CCDRA (Filipe Palma, actual Presidente da Câmara de Ourique, e Bento Rosado, desde há anos Presidente da Gestalqueva - Sociedade de Aproveitamento das Potencialidades das Albufeiras de Alqueva e de Pedrogão, S.A.), a quando do pagamento do já (muito) amputado apoio que concedeu ao Congresso, resolveu discriminar o recibo de despesas do Professor Alfredo Tinoco, rigorosamente idêntico aos dos demais membros da Comissão Científica, devolvendo-o por «irregularidades».
Julgámos, então, que se tratava de mera provocação à Confraria.
No momento em que o corpo do nosso Confrade repousa no «Museu da Resistência», a Benfica, aguardando a sua Cremação, amanhã, dia 17, às 13 horas, no Cemitério dos Olivais, enquanto os referidos governantes e os seus executores se banham nas praias, eventualmente dos ofshores das Caraíbas, deixamos esta homenagem ao Alfredo/Professor Tinoco: provavelmente, os «boys» e os seus mandantes, quiseram com o seu ignóbil acto (já motivo de crítica judicial condenatória) também atentar contra a dignidade com que defendeste Abril; antes e depois. O mesmo Abril de que eles se serviram para enriquecer; começando cedo, nos campos e campinhos do Alentejo. Os mesmos campos que viram jorrar o sangue das entranhas de Catarina Eufémia, donde deveria ter brotado o fruto do amor de dois jovens construtores da esperança. A mesma esperança que, companheiro, ajudaste a florir, também na Confraria. Bem hajas!
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Toca a reunir!
Comentário à prisão de Pedrag Matvejevic
Fez no último Abril oito anos que, em sua casa nos arredores de Roma, conheci Pedrag Matvejevitć, esse vulto maior da Cultura Mediterrânica.
Acompanhado de minha filha, então com doze anos, levávamos a grata missão de lhe testemunhar quanto o Congresso de Cultura Mediterrânica, em geral, e a Confraria do Pão, em particular, rejubilaram com os textos que escrevera e enviara, impossibilitado que esteve de se deslocar ao Alentejo, onde o mesmo decorreu.
Não nos fizéramos anunciar. Fomos recebidos por sua encantadora companheira, a qual, depois de perceber ao que íamos, nos introduziu na sala onde o Professor repousava.
Pedrag, então Professor na Universidade La Sapienza de Roma, leccionara na Sorbone em Paris, pelo que o nosso diálogo decorreu em Francês, facilitado por uma expressão facial que, só por si, permitia um entendimento profundo.
A alegria e o entusiasmo foram arrebatadores. Tanto que logo ali ficou combinada a sua vinda para a apresentação das Actas do Congresso, seis meses depois. Entronizámo-lo a preceito e partimos com a convicção de que acabáramos de comprovar a universalidade de que suspeitáramos ao ler o seu «Breviário do Mediterrâneo».
Aquando da sua vinda, em Novembro de 2002, na Confraria, primeiro, e depois em Évora onde proferiu uma importante Conferência, finalmente em Lisboa nas entrevistas ao Carlos Marques (TSF) e à Lumena Raposo (DN), constatámos a nobreza do seu carácter, a sagacidade com que analisava o viver, a simplicidade com que expunha as suas ideias redentoras, absolutamente redentoras, da contemporaneidade, e a frontalidade que chamava a si na denúncia dos fundamentalismos de todas as cores e matizes. Em suma, um indispensável construtor do futuro multicultural, «um importante apoiante do conceito europeu, um homem que sempre tem buscado amplos e infinitos horizontes dos mares e costas que produzissem terras sem fronteiras, barricadas ou fortalezas.»É esse Homem que a justiça croata persegue desde 2005 e quer agora prender, por na sua terra ter chamado os bois pelos nomes a alguns fundamentalistas, não podendo deixar de denunciar a responsabilidade da intelligentsia nacionalista, aqueles que agitaram o ódio étnico e promoveram “guerras patrióticas” na ex-Jugoslávia, ideólogos vira-casacas. Deu-lhes o título que achou o mais apropriado: “Nossos Talibãs”. E um destes processou então Predrag Matvejević, que se viu condenado, “por injúria e difamação”, a uma pena de prisão efectiva.
Homem profundamente íntegro e vertical, Predrag declarou já a sua intenção de acatar a decisão dos tribunais e, irmanando-se com outros intelectuais perseguidos pelos ideais que defendem, cumprir a sentença de prisão – repto último ao próprio conceito de Europa!
(http://www.giardini.sm/matvejevic/prigione.htm)
Curiosa é a posição de indiferença da UE de que a Croácia quer vir a ser o 28º Estado, quiçá por este pensador do Mediterrâneo, da Europa e do Mundo ter afirmado que «não tenho grande consideração por aqueles que colocam o partidarismo acima dos princípios, a nacionalidade acima da humanidade.»
Vai nu o rei que permite prender intelectuais humanistas da estirpe de Pedrag, em vez de reduzir à sua expressão criminosa os fautores da ideologia fascista e nacional-fascista que estão por detrás desta ignóbil cabala.
Deste canto do Mediterrâneo, que reivindicamos universal e fraterno, aqui vai a expressão da nossa nossa profunda solidariedade e o nosso fraterno apoio à causa de Pedrag Matvejevitc.
Por enquanto, como escreveu, “Os verdadeiros vencedores, aqueles que sabem defender valores, a maior parte das vezes perdem as suas batalhas.”
Mas, garantimos, nunca perderão a Guerra. Toca a reunir!
sábado, 12 de junho de 2010
O Aniversário do Ti Limpas, uma Festa verdadeira!
O Ti Limpas tem sido um dos maiores obreiros da Confraria do Pão. Por este pobre País que esbanja milhões com tubarões de que só se conhece o dom da hipocrisia e da luxúria, já fez mais, muito mais, que todos eles juntos.
De borla, com sacrifício da saúde que lhe mingua mas sempre com alegria e prazer, sem se revoltar por receber de reforma menos que a milionésima parte do que recebe, por exemplo, o administrador da PT de quem só se conhece – e bem, ao menos aqui na região! – o engenho para «democraticamente» destruir empresas e lançar operários e demais trabalhadores no desespero.
Fez ontem 81 anos. Aproveitámos a disponibilidade do Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo, do Coimbra e de mais um punhado de Confrades entre os quais o Zé Rabaça, que veio de Corroios, e fizemos-lhe a surpresa de, com cante e poesia, à sua porta, aliviarmos a imensa dívida que sentimos ter para consigo.
A Nicolina e a Francisca prepararam a sopa que o Coimbra nos serviu e ao Coral de Viana, antes de rumarmos a Capelins. O Borda D’Água acrescentou queijos, vinho e muita (e boa) fruta, com a solidariedade que empresta aos seus actos de respeito pelas suas humildes origens.
A Dª Virgínia, de Vila Viçosa, e a Dª Josefa, de Capelins, fizeram os Bolos que acrescentámos ao da Ti Chica. O vinho (do Porto), vá lá saber-se como, foi oferecido, em sua memória, por um amigo de Emílio Peres e pela Minez Madureira, este enviado de Praga com dois beijinhos, pra ele e sua mulher.
O Bernardo, neto do Godinho, ajudou-nos a tender o pão que lhe ofereceu em nosso nome. E houve mais prendas, muitas prendas, para além das mensagens especiais de alguns confrades: do Tó, de Coimbra, da Maria Daniel e do Luís Paulo, do Porto, do Constantino, também de Coimbra, da Isabel, de Lisboa, do João Paulo, de Évora, do Mohamed, de Marrocos, do Feliciano, de Viana do Alentejo… E do seu neto, que reside em Lisboa, a quem possibilitámos um telefonema «especial».
Foi bonita, muito bonita, a Festa, como dizia uma suA vizinha, emocionada.
E simples, muito simples, tanto quanto a nobreza do carácter do homenageado que, ao ouvir as décimas que o Coimbra lhe fez, deixou correr uma lágrima…
Desta feita, também o João e o Godinho se disfarçaram de poetas. E ditaram, em nome de todos os Confrades e com alguns deles no coração:
JÁ ELE ERA PROFESSOR
QUANDO ENTRÁMOS PARA A ESCOLA
AGORA JÁ É DOUTOR
‘INDA ANDAMOS DE SACOLA
1.
‘Inda Abril florescia,
Já meio ferido por Novembro,
Um dia frio, em Dezembro,
Com muito de valentia
E outro tanto de alegria,
Lá partimos, com ardor,
Procurando, com rigor,
Os obreiros da Cultura.
Registe-se que, na altura,
JÁ ELE ERA PROFESSOR
2.
Na roda da nossa vida
Tudo pode acontecer…
E foi assim que, sem querer,
A uma ideia perdida
Com uma vida vivida
Entre o tractor e a sachola
Deixámo-lo na gaiola
E da grande reunião,
Excluímo-lo por omissão,
QUANDO ENTRÁMOS PARA A ESCOLA
3.
Mas o tempo se encarregou
De um dia nos redimir.
Então podemos ouvir
Uma lição que ecoou
Por Portugal e mostrou
Ti Limpas, com esplendor,
Combinando com amor
O saber e a razão.
Na Confraria do Pão
AGORA JÁ É DOUTOR
4.
Isto do conhecimento
Tem muito que se lhe diga,
É parecido com ‘ma briga
Que nos varre o pensamento,
Sempre e em todo o momento,
Não dando descanso à tola.
Pra ele só uma bitola
O pode satisfazer:
Aceitar que até morrer
‘INDA ANDAMOS DE SACOLA
O Cante, a Poesia, do Coimbra e do Ti Limpas, as palavras e os silêncios, tudo, com tanto de simplicidade como de fraternidade…
Pois foi, foi bonita a Festa, está a Cultura de parabéns.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Na Feira do Campo, em Aljustrel, a 11.06.10
Levámos Pão que demos a provar a quem quis connosco partilhar a caminhada destes milhares de anos em que ele tem sido «o incansável mitigador da Fome», «o inseparável companheiro do Homem».
Também levámos «o outro pão», que nos enriquece o Viver, que nos «alimenta a alma», a Cultura.
Distribuímos informação sobre «As vantagens do Pão Tradicional para a Saúde» e sobre «A Caminhada»; do Pão, claro. Deixámos uma centena de exemplares dum folheto com cinco décimas. E oferecemos o livro das «Actas do Congresso da Cultura Mediterrânica» para a Biblioteca Municipal.
Sobretudo, transportámos nos nossos corações e memória o que nos tem sido possível aprender com «os construtores do Saber». Alguns doutores, como Emílio Peres, outros com pouca instrução mas também cultos…
Procurámos ser sóbrios na postura e simples no verbo, sem perder o rigor.
Assinalámos que o Pão Tradicional é promotor da Saúde e que os outros feitos com farinhas corrigidas ou massas congeladas, a exemplo de baguetes, tostas, bolachas, cerais e outros que tais, são na generalidade alimentos perigosos que contribuem para as doenças do mundo moderno, à cabeça das quais a obesidade.
Lembrámos os tempos da Fome que volta a espreitar os campos de Portugal.
(…)
Tenho esta recordação
Do tempo do Estado Novo,
A maior parte do Povo
Tinha esta alimentação.
Pouco mais davam que o pão,
E tinha que ser aceite,
Por não haver quem respeite
O esforço violento
Só nos davam de alimento
UMA AÇORDA SEM AZEITE
Como denúncia de quem quer contribuir, como pode, para que ao Alentejo e ao País não volte a indecência da desumana exploração do homem pelo seu irmão.
E deixámos uma mensagem de esperança, aquela que dá razão ao nosso Viver:
(…)
Do infeliz me despeço,
Sobre o que ouvi me confundo
Há tantos outros no mundo
Que são generosos, confesso,
Labutando p’lo progresso
Em tanta transformação
E que dia após dia vão
Sempre praticando o bem
Pra que não diga ninguém
EU TENHO FOME E TU NÃO!
Tempo, ainda, para assinalar o nosso carinho por «irmãos de caminhada» da envergadura do Sérgio Godinho, a quem ofertámos um Pão de 3 Kgs.
Quem nos ouviu e connosco conviveu mostrou respeito pelo Pão. E pela Confraria. Até fomos entrevistados pela Rádio Voz da Planície e pela Rádio Pax. Em directo e sem censura, como agora já voltou a ser moda…
Tudo isto na véspera do 81º aniversário do Ti Limpas que amanhã vamos festejar com o Cante do Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo, com as décimas do Coimbra e com o Pão da Confraria que havemos de fazer para lhe levar e com ele recordar:
Na roda da nossa vida
Tudo pode acontecer
Mas o verdadeiro saber
Da Felicidade perdida
É uma jóia bem escondida
Pelo Povo com tradição
Que na sua alimentação
Conserva a simplicidade
De gritar em liberdade:
BEBA VINHO E COMA PÃO!
sábado, 5 de junho de 2010
A Confraria do Pão em Aljustrel, na Feira do Campo
No próximo dia 11, sexta-feira, a partir das 16h30m, no «Espaço Pão» da Feira do Campo, em Aljustrel, para além de um debate em que procuraremos demonstrar as vantagens para a Saúde, do Pão Tradicional, animado pelo João Madureira, médico, distribuiremos documentação e levaremos Pão para dar a provar aos visitantes.
Aliás, a Confraria do Pão participa neste evento para, como faz há mais dez anos, promover o Pão como cerne de um estilo alimentar e de vida, que urge preservar, assim como a cultura que se relaciona com esse estilo, desenvolvendo-a e harmonizando-a com os novos tempos.
A exemplo de Miguel Torga e tantos outros, reconhecemos na Cultura Popular, e na Alentejana em particular, importantes marcas do que de mais significativo a Humanidade vem produzindo ao longo da sua caminhada para … a Felicidade.
É também por isso que nos fazemos representar por mais três Confrades, legítimos representantes dessa Cultura:
- o João Godinho, artesão que o «desenvolvimento» atirou para o desemprego e é agora um dos responsáveis pelo Pão que a Confraria produz;
- o Ti Limpas, mais de oito décadas de idade e setenta anos de duro trabalho, Homem de profundo sentir e imenso Saber;
- e o Coimbra, Manuel João de seu nome, o qual na idade de ir «aprender a ler, a escrever e a rezar», que era tudo quanto era permitido na Escola do ditador Salazar, rumou pró trabalho. Descalço.
Ou seja, braço dado, Pão, Cultura e Ciência é quanto nos preparamos para partilhar com quem nos der a honra de nos visitar.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
A voz da razão ecoou no Pinhal Interior. Com emoção, rigor e sobriedade!
Organizado pela CM da Lousã e pelo Ecomuseu Serra da Lousã, decorreu na tarde da última sexta-feira, dia 14 de Maio, no Lagar Mirita Sales - completamente esgotado -, a Conferência Pão – Sustento, Fermento, Alimento.
Depois de quatro horas de viagem em transporte da autarquia, passámos pelo Lagar para reconhecer o espaço e colocar na mesa um Pão de 3Kgs, já com uma semana.
Seguiu-se o almoço no Restaurante «Casa Velha», em que, depois da indispensável «Sopa de Legumes», degustámos a tradicional «Chanfana». Com broa e vinho. Posto o que avançámos para a Conferência.
A mesa do nosso Painel, o primeiro, foi presidida pelo Dr. Hélder Bruno, vereador da Educação da CMLousã, sentando-se à sua esquerda o Padre António Calisto e um dos mais antigos padeiros da Lousã, mestre Pereira. À sua direita o Ti Limpas, o Coimbra e o João Madureira. Ao Godinho coube distribuir pelos presentes o folheto com as seis décimas populares que integravam a nossa Comunicação, de molde a facilitar o seu acompanhamento.
E lá começámos a função, convictos da extrema importância do que nos propúnhamos fazer. No centro dela o Pão como cerne de um estilo alimentar e de vida, que urge preservar, assim como a cultura que se relaciona com esse estilo, desenvolvendo-a e harmonizando-a com os novos tempos – o foco dos princípios e valores que norteiam a acção e postura da Confraria do Pão.
Feitas as saudações, coube ao Coimbra apresentar «os obreiros do Pão» com uma décima sua em que caracteriza a sua vida: Tanto eu tenho trabalhado/ Durante uma vida inteira/ Mas nada tenho arranjado/ Só dores e esta canseira…
Seguidamente passámos em revista «a construção da Cultura Alimentar do Homem», até ao «nascimento do Pão», concluindo com uma décima do Ti Limpas: O que é o Homem e o Pão/No meu resumo singelo/É o Homem que o produz/Por ter um sabor tão belo…
Por esta altura já a assistência se tinha rendido à simplicidade com que partilhávamos o conhecimento. Era o momento de deixar sublinhada a importância da Cultura. Socorremo-nos do mote do Salgueiro, de Montemor-o-Novo, e da glosa do Anastácio Pires, dos Orvalhos, ajudados pela memória do Ti Limpas: Sem Cultura e sem noção/ Não pode haver alegria/ A Cultura é como o Pão/ Faz falta no dia a dia…
E assim continuámos ao longo de 45 minutos, sentindo, orgulhosos e gratificados, que poderíamos continuar pela tarde fora que ninguém arredaria pé, terminando, depois de lembrar através do Coimbra Jaime da Manta Branca e os tempos da Fome que voltam ameaçar os humildes(Não vejo se não canalha/ De banquete pra banquete/ Quem produz e quem trabalha/ Come açordas sem azeite…), com a glosa do Ti Limpas ao mote Dá-me cá um bocadinho/ Tu que tens o Pão na mão/ Trabalho eu gozas tu/ Eu tenho fome e tu não…
Tudo interligado com informação científica actualizada e demonstrativa dos maus comeres e viveres de cidade, da necessidade de avaliar criticamente o que nos pretendem impingir como «ciência» e «inovação», da premência em vigiar a acção dos governantes impedindo-a de ser subordinada ao interesse económico.
Enfim, cumprimos, orgulhosos, a missão a que nos propuséramos, enriquecendo, com o imenso calor humano que nos dispensaram, o Pão que fazemos e partilhamos com Amor.
Seguiu-se o restante programa, interessante, complementar e elucidativo da justeza do nosso caminho.
De parabéns pode sentir-se, como nós, a Câmara Municipal da Lousã. Viva o Pão!
domingo, 9 de maio de 2010
Confraria do Pão (Alentejo) participa na Conferência “O PÃO – sustento – fermento – alimento”, na Lousã, dia 14 de Maio
Organizado pela Autarquia e pelo Ecomuseu Serra da Lousã, esta iniciativa decorrerá no Lagar Mirita Sales – Núcleo de Gastronomia e Doçaria da Serra da Lousã a partir das 14 horas.
Convidamos todos a juntarem-se a nós nesta ocasião – a participação é gratuita, e a inscrição pode ser feita online (em http://www.cm-lousa.pt/educacao/insc_conf_pao.php)
No centro da nossa participação estará o Pão como cerne de um estilo alimentar e de vida, que urge preservar, assim como a cultura que se relaciona com esse estilo, desenvolvendo-a e harmonizando-a com os novos tempos – o foco dos princípios e valores que norteiam a acção e postura da Confraria do Pão.
A delegação será composta pelo Confrade João Godinho, responsável pela representação oficial da Confraria e que levará algum material de informação e livros, e pelos Confrades João Madureira, Ti Limpas e Coimbra, que farão a «Conferência».
Será uma oportunidade para reflectir sobre o papel do Pão como sustento do Homem e da Vida, para compreender o que é o Pão tradicional e como ajuda a preservar a saúde e a felicidade, e para ouvir como a cultura popular alentejana o valoriza e defende – através das décimas do Ti Limpas e do Coimbra, poetas populares.
Lamentavelmente, não poderemos dar a partilhar o Pão que defendemos e fazemos, com carinho, paciência e saber ancestrais – o fabrico do Pão ficará a cargo dos formandos do curso técnico de Cozinha e pastelaria e que se integra no propósito pedagógico que a CM da Lousá pretende imprimir à ocasião.
Acima de tudo é uma ocasião para os Associados e Amigos da Confraria do Pão se (re)encontrarem e ajudarem a defender um bem que consideramos tão precioso nos dias – apressados, violentos e violentadores – que correm: O NOSSO PÃO tradicional, benfazejo, isento de toxinas, justo e solidário.
sábado, 24 de abril de 2010
Nesta caminhada de dois milhões de anos de construção da nossa Cultura Alimentar, o Pão bem merece um lugar especial tal a grandiosidade que transporta na sua História de luta pela emancipação do Homem.
O SABER que nos conduziu, há sete ou oito mil anos, a juntar a tão abundante quanto pura – e grátis! – água às sementes de trigo e cevada toscamente trituradas para produzir a amálgama que deu origem ao primeiro pão, não foi obra do acaso nem de nenhum deus moderno dos que, motivados e promovidos pelos poderes, tornam possível o «milagre» de produzir um pressuposto pão em poucos minutos, com níveis de toxinas aceitáveis para a ASAE e a EFSA, sua congénere europeia.
Bem sabemos, bem sabe a Confraria do Pão como tem sido e continuará a ser árdua a construção do SABER a que chamamos Cultura… E bem sabe também como é difícil evitar, no mundo actual, que os poderes instalados DEIXEM preservar os espaços e comportamentos que promovam a Cultura como primeiro e indispensável passo para prevenir a doença, isto é a Infelicidade.
Claro que compreendemos a Saúde como DIREITO, contrariamente ao mundo da economia que a entende sobretudo como NEGÓCIO. É aí que repousa a verdadeira razão da União Europeia - e todo o mundo «ocidental»- consumir milhões e milhões no tratamento das doenças e aplicar uns míseros tostões na prevenção das mesmas.
Julgamos que o problema da SAÚDE/DOENÇA em Portugal e na UE, particularmente no mundo rural, é basicamente semelhante ao do Pão. Ou seja, o(s) factor(es) que condicionaram as profundas alterações nos hábitos alimentares do mundo contemporâneo, induzidas pelas grandes cadeias agro-alimentares nas últimas cinco décadas, são os mesmos que vêm comandando as consciências e vontades dos que, ingenuamente crentes na possibilidade de «comprar a eternidade», pressionam governos e governantes para lhe disponibilizar gratuitamente actos e tratamentos para despiste, diagnóstico e tratamento de perturbações menores em termos de saúde, maiores nos dispêndios do erário público e do pecúlio familiar; os quais vão enriquecendo as indústrias que vivem da infelicidade.
Isto é, o interesse económico, directo ou indirecto, aberto ou encoberto, sofisticada e hipocritamente disfarçado de «ciência» e/ou «inovação» ou violenta e impunemente servido em torrentes de publicidade que ninguém controla ou avalia, o interesse económico, dizíamos, CONDICIONA EM ABSOLUTO O NOSSO QUOTIDIANO.
Lamentavelmente, portanto, a ciência, que na maioria dos casos mais parece uma amante rica do poder económico, não lhe escapa e os critérios para aferir a sua independência terão que ser estabelecidos com cuidado.
Aproveitemos o actual exemplo das «toxinas do pão» para ilustrar a falta de independência com o que o publicitado estudo está a ser levado a efeito.
Ao longo de dez anos que a nossa Confraria tem vindo a denunciar publicamente a hipocrisia governante que permite que o Pão seja aditivado com todo o tipo de substâncias, algumas delas comprovadamente cancerígenas.
É também pública a luta que travámos, incluindo nos Tribunais, para que o Pão Tradicional Alentejano continue a ser produzido.
Tal como é bastamente conhecida a nossa posição de crítica em relação à esmagadora maioria do pão que se produz em Portugal, incluindo o Alentejo.
Já o estudo decorria, a 7 e 8 Outubro de 2008, a escassa centena de metros do Instituto Superior de Engenharia do Porto, levámos a efeito, em colaboração com a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade de Porto, uma Oficina do Pão.
Como compreender que, no estudo em questão, não tivesse sido contemplado, para ser rigorosamente analisado como os demais, «o Pão da Confraria», que assim caracterizamos:
É feito com muita paciência e respeito pelo saber acumulado pelos nossos antepassados ao longo de dois milhões de anos…
O Pão que produzimos a partir da massa azeda, com um crescente e dois refrescos, é amassado vagarosamente durante cerca de uma hora, levedado (fintado) docemente durante todo o tempo necessário e cozido em forno a lenha (estevas) durante pelo menos uma hora.
Dois Confrades iniciam a laboração às 14 horas e pelas duas da manhã saem do forno os primeiros 100 Pães, já com a ajuda de um padeiro tradicional e um ajudante.
Duas horas e meia depois está pronta a 2ª fornada e, quando necessário, mais duas horas e meia e teremos a 3ª fornada.
Ainda não é feito exclusivamente com farinha de trigos autóctones mas as farinhas que usamos são muito menos expoadas – e, portanto, mais ricas – do que as que a indústria panificadora utiliza, para além de não serem «corrigidas» (sem aditivos, portanto).
Por tudo isto, o nosso Pão, tal como todos os Pães verdadeiramente tradicionais, é protector da Saúde, permitindo uma digestão suave, contrariando a Obesidade e a Diabetes, sendo também um óptimo regulador do trânsito intestinal.
Não é o «Pão do Alentejo» que inunda o grande comércio onde se vende «gato por lebre».
É o PÃO TRADICIONAL ALENTEJANO! Que muito nos orgulha produzir e partilhar. Consigo!
Acreditamos que os Padeiros – que vivem e sobrevivem num mundo em que «tempo é dinheiro» - possam voltar a produzir «Pão Tradicional», assim promovendo a saúde e protegendo o seu futuro…
(dos sacos de papel e pequeno opúsculo com que fazemos acompanhar o Pão da Confraria)
A nossa exclusão – nem sequer fomos contactados para emitir mera opinião – não repousa na má vontade dos investigadores, os quais nos merecem todo o respeito.
Outrossim repousará na necessidade que o consciente colectivo tem de se imunizar contra «ideias perturbadoras». Que nos orgulha defender e de que são bom exemplo as que integram um folheto profusamente distribuído em todos os eventos e acções onde participamos:
…
«A Confraria não sabe onde nasceu o Pão; mas suspeita que terá sido entre o Vale do Tigre e do Eufrates e as montanhas do Afeganistão.
Mas sabe como nasceu, das mãos de Homens que, com simplicidade, souberam aproveitar os recursos da mãe Natureza em água e «trigo», a que, com engenho, juntaram o pilão e o fogo.
E bem sabe a Confraria a tremenda importância do Pão, o incansável mitigador da fome a que «o filho de um carpinteiro» deu a honra do altar.
Como também sabe que o mundo contemporâneo é condicionado pela Economia, já não a que dizia destinar-se a promover a justiça social mas a que despudoradamente vai aumentando as desigualdades entre os povos e dentro das nações, distribuindo migalhas aos que reclamam… Pão!
Sobretudo, sabemos que o mundo actual é governado pelas aparências e o faz de conta, em que as “verdades” são fabricadas como António Aleixo nos ensinou (Prá mentira ser segura/e atingir profundidade/tem de trazer à mistura/qualquer coisa de verdade), ora com o patrocínio da comunicação social que as atesta e promove. E trazem sempre à mistura o «tempo», normalmente embalado de «produtividade», pois, como eles dizem, «tempo é dinheiro».
O NOSSO PÃO, em todas as suas vertentes, recusa esse duvidoso caminho, responsável pelas doenças modernas e o seu impacto na falta de saúde da Humanidade.
O NOSSO PÃO recusa contribuir para que, no mesmo mundo e no mesmo tempo, lado a lado, morram milhões de crianças com fome enquanto outras tantas se apresentam doentiamente obesas.
O NOSSO PÃO não aceita ser «parte» de refeições em que o prazer de comer em fraterno convívio não marque presença ou em que a arrogância seja bilhete de ingresso.
O NOSSO PÃO encerra o segredo da VIDA SÃ. Recupera respeitosamente a tradição do que nos antecederam e aceita, com entusiasmo, o conhecimento actual, testado e comprovado como útil para a Saúde, tanto física como mental. Orgulhamo-nos de saber articular os saberes e de termos aprendido a não ter receio de trabalhar. Aliás, procuramos fazê-lo com amor.
É por tudo isto que O PÃO DA CONFRARIA é especial, nele transportando a simplicidade do viver com a fraternidade do partilhar e a liberdade de o entender como instrumento da harmonia e da felicidade que reconhecemos como direito. De todos!»
E, acrescentamos hoje ainda sem meios (económicos) para o demonstrar cientificamente, seguramente isento ou com níveis irrisórios de toxinas, neste caso provavelmente resultantes de manipulações de fiscais da UE, essa associação de ricos que espezinha a sobriedade e a pobreza e promove a arrogância e a ganância.
É que, neste percurso de oito mil anos em que foi necessário sobreviver a centenas de nuvens cinzentas, vulcânicas e outras, à cabeça das quais a fome, só os alimentos de eleição resistiram como companheiros inseparáveis do Homem.
Ao contrário das curiosas inovações, mesmo quando promovidas por famosas nutricionistas e respeitáveis médicos, que, embora protegidas pelo poder económico, não resistem uma dezena de anos, como acaba de acontecer ao Actimel e ao Activia, que finalmente foram obrigados a deixar de ostentar o embuste de serem «alimentos saudáveis» e/ou «protectores da saúde», quando na realidade não chegam aos chincalhos de umas sopas de leite com… Pão tradicional! Para além dos «outros riscos». E do preço, de acordo com o embuste!
Ou seja, o Pão Tradicional, frugal, como elemento principal da Cultura Mediterrânica, resiste muito melhor às adversidades do que a engenharia económica do mundo, a qual se borrou toda com uma… nuvenzinha!
Deixamos estas recomendações, as quais já fizemos na presença do Senhor Sub-Director Geral de Saúde a 17.05.05, no Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade, Conferência «O Pão, o Comer e o Saber Viver», e do Senhor Director Geral de Saúde a 19.09.06, Fórum Saúde Alentejo, Conferência «O Pão e a Saúde»:
A Saúde individual e colectiva e a preservação do nosso planeta aconselham, ou melhor, OBRIGAM:
- a repensar os maus caminhos dos comeres e dos viveres modernos de cidade;
- a usar a nossa capacidade crítica ao avaliar as certezas médico-científicas;
- e a vigiar a acção de governantes e seus mandantes, impedindo que a mesma seja subordinada ao interesse económico.
Será seguramente também a melhor prevenção para que, a curto prazo, um «rumsfeld europeu» com amigos na OMS, não faça aprovar um antídoto de que tenha a exclusividade para… as toxinas do pão da UE. Nunca para o da Confraria onde a Gripe (também) ficou à porta!
Estamos conversados.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Carta Aberta aos Senhores • Primeiro Ministro • Ministro da Administração Interna • Secretário de Estado da Inovação Tecnológica
Com Conhecimento aos cidadãos
Mariano Gago
Augusto Santos Silva
Eduardo Lourenço
E aos inúmeros Confrades simultaneamente militantes, simpatizantes ou votantes no Partido Socialista
A Confraria do Pão foi ostracizada e perseguida pela CCRA/CCDRA e pelos anteriores Executivos da C.M. de Alandroal, de maioria PS.
Com a conivência, por acção ou omissão, de alguns governantes que se demitiram das suas responsabilidades democráticas.
Como temos vindo a referir moderadamente e os documentos históricos que inevitavelmente tornaremos públicos demonstram à evidência.
Na sequência das últimas eleições, achámos chegada a altura de iniciar a solução dos melindrosos «assuntos pendentes».
Começámos pelo «menos difícil», supúnhamos, o direito à informação.
No sítio do Governo Civil de Évora a informação disponibilizada sobre a nossa Associação estava incorrecta há anos.
Aguardámos as nomeações subsequentes às eleições legislativas. Confirmada a recondução da Senhora Governadora Civil, demos-lhe conhecimento do erro e solicitámos que o reparasse.
Do que demos conhecimento ao Senhor Primeiro Ministro.
Como voltámos a fazer dias depois por a situação não ter merecido qualquer atenção à Senhora Governadora Civil.
Exmª Senhora
Governadora Civil do
Distrito de Évora
gov.civil.evora@mail.telepac.pt
Ass: Pedido de correcção da informação que disponibilizam na V/ página na Net
Agradecemos que, com urgência, seja substituída a informação que disponibilizam na vossa página Net em relação à nossa Associação e que actualmente é:
Confraria do Pão (Alentejo)
Presidente: João Madureira
Morada: Monte das Galegas
Código Postal: 7250-065 TERENA
Telefone: 268 450 000
Site: www.Confrariadopao.com
Concelho: Alandroal
Categoria: Cultural
POR ESTA:
Confraria do Pão (Alentejo)
Presidente: João Madureira
Morada: Monte das Galegas - Terena
Código Postal: 7250-065 TERENA
Telefone: 960136874
Email: confrariapao@hotmail.com
Blogs: http://confrariadopao.blogspot.com e http://joaodopao.blogspot.com
Concelho: Alandroal
Categoria: Cultural
Aproveitamos para chamar à atenção da Senhora Governadora Civil para o facto do nosso telefone já ter deixado de ser o que à data actual está indicado na vossa página há mais de quatro anos, como desde então é do conhecimento da CM do Alandroal.
E, supondo que a «informação» terá sido prestada pelo anterior Executivo da Câmara Municipal, assim mesmo, julgamos razoável aqui registar o nosso protesto por mais esse comportamento obstrutivo e sectário para o qual, também supomos, será invocado um «mero lapso». Que compreendendo, não aceitamos.
Com os melhores cumprimentos,
Confraria do Pão, 7 de Dezembro de 2009
O Presidente da Comissão Administrativa
Passados 20 dias, na era do «Magalhães», tudo continuava na mesma, excepto as prontas respostas do Gabinete do Primeiro Ministro que confirmava a recepção dos nossos e-mails.
Voltámos a solicitar-lhe a reparação, agora com conhecimento ao Senhor Ministro da Administração Interna e à Secretária do Governo Civil que, em 2001, tinha representado o então Governador Civil no Seminário «O Homem e o Pão».
Excelentíssimo Senhor
Ministro da Administração Interna
dirp@sg.mai.gov.pt
Assunto: Pedido de intervenção remediadora
Excelência,
Incomodados pela necessidade de recorrer a esta forma para ver assegurados os nossos direitos, requeremos a Vossa Excelência que tome conhecimento do teor dos documentos que anexamos, bem como do facto de, por duas vezes, termos dado conhecimento ao Senhor Primeiro Ministro, aparentemente sem resultado.
Com os melhores cumprimentos e Votos de Boas Festas,
Confraria do Pão, 28 de Dezembro de 2009
O Presidente da Comissão Administrativa
Exmª Senhora
Drª Maria Teresa Bragança Dias Tadeu
Secretária do Governo Civil do Distrito de Évora
mail.geral@gov-civil-evora.gov.pt
in sítio MAI
Évora
Governadora Civil
Drª Fernanda de Sousa Gonçalves Carvalho Ramos
Secretário(a)Do Governo Civil
Dr.ª Maria Teresa Bragança Dias Tedeu
Morada - R. Francisco Soares Lusitano7000-897 Évora
Telefone
Fax 266 739 841
Email mail.geral@gov-civil-evora.gov.pt
Página Internet http://www.gov-civil-evora.gov.pt/
CONFRARIA DO PÃO, 28.12.09
Ass: Pedido de correcção da informação que disponibilizam na V/ página na Net
Senhora Doutora
Lamentamos ter de a incomodar, sobretudo por respeito às normais hierarquias do regime democrático.
Contudo, é importante para a Confraria do Pão:
- Recordar, com saudade, o «Seminário Homem e o Pão», de 2001, em que tivemos a honra da receber na Confraria, em representação do Senhor Governador Civil, de que lhe anexamos, em pré-edição, o respectivo livro, ainda sem a capa final.
- Solicitar-lhe o favor de tomar conhecimento da carta que, a 08.12.09, enviámos à Senhora Governadora Civil, que anexamos, cuja pretensão, que consideramos absolutamente legítima num país democrático, se encontra por satisfazer, como também o anexo de hoje, em print scanner, demonstra.
- Rogar-lhe o favor de, se assim o entender, servir-se da presente informação para, dentro das suas atribuições, fazer o que estiver ao seu alcance para pôr fim à presente situação de absoluto, perdoe-nos o termo, «abuso de poder».
Com os melhores cumprimentos
O Presidente da Confraria do Pão
(Anexamos Print Screen de 28.12.09, 21h40m)
O Governo Civil iniciou, finalmente, a correcção… parcial e apondo mais um erro que «impossibilita» a ligação a este blog.
Voltámos a insistir junto do Senhor Ministro, sempre com conhecimento ao Senhor Primeiro Ministro.
Excelentíssimo Senhor
Ministro da Administração Interna
dirp@sg.mai.gov.pt
Assunto: Agradecimento
Excelência,
Vimos agradecer-lhe penhoradamente a sua pronta intervenção que se traduziu, ao fim de vinte e dois dias por uma aparente remediação da informação sobre a nossa Associação no sítio do Governo Civil de Évora.
Aparente porque, como constatará pelo «print» anexo:
- não foi colocado o endereço electrónico da Confraria
(confrariapao@hotmail.com)
- não foi contemplado o segundo blog que indicámos
(http://joaodopao.blogspot.com)
- e, curiosamente, a informação sobre o outro blog está incorrecta, ISTO É, ONDE SE LÊ
htt://confrariadopao.blogspot.com,
DEVERÁ SER COLOCADO
http://confrariadopao.blogspot.com
Excelência, penitenciamo-nos de tanto incómodo que lhe estamos a causar mas acreditamos ser esta a única forma de vermos reposta a… legalidade.
Com os melhores cumprimentos,
Confraria do Pão, 29 de Dezembro de 2009
O Presidente da Comissão Administrativa
(Anexámos Print Screen de 29.12.09)
No dia 8 do corrente, um mês depois do início da nossa iniciativa reparadora, a qual demoraria escassos segundos a ser implementada, recebemos do Senhor Ministro um ofício em que nos informava que «de acordo com o Governo Civil de Évora, a situação está resolvida».
Acontece que não está nem sofreu alteração desde 28/12/09.
Como se comprova pelo que se reproduz
(anexámos Print Screen de 11.01.10, 11h40m)
O que nos impõe o seguinte público desabafo:
1.É verdade que sempre recebemos do Gabinete do Senhor Primeiro Ministro a indicação de que houvera recebido os nossos ofícios;
2.É verdade que o Senhor Ministro da Administração Interna teve igual comportamento;
3.Contrariamente à Senhora Governadora Civil que… nem uma palavra, mesmo que de incómodo, quanto mais de desculpa; nem um telefonema; nem um e-mail, nada!
A Confraria do Pão não sabe o que leva a Governadora Civil a assim se comportar. Talvez as nossas posições sejam contrárias aos seus interesses… particulares. O problema é que vivemos numa democracia formal pelo que, no exercício de funções públicas, os (pressupostos) interesses pessoais (ou «partidários») não podem ferir os direitos de todos, mesmo dos que se não deixam subjugar pelo poder.
Mas bem sabe a Confraria as responsabilidades que cabem a quem governa. E espera, mais do que nova «confirmação da recepção desta carta aberta» que o Senhor Primeiro Ministro e o Senhor Ministro da Administração Interna, através dos seus Gabinetes, reparem a situação em escassas horas. Como se impõe, com ou sem «Inovação Tecnológica».
Da Senhora Governadora Civil, que ao longo destes anos só nos contactou por duas vezes para enviar, «à beira das urnas», documentação que custou dezenas de milhares de euros ao erário público e por muitos considerada como «mera propaganda partidária», esperamos que não cumpra o seu mandato dada a incapacidade manifestada para entender a democracia.
Se assim acontecer, o Alentejo, da Serra D’Ossa (mesmo que com incêndios de origem duvidosa) ao Guadiana (mesmo sem PINs desde Juromenha até ao «Condado» de Monsaraz), ficará menos pobre.
Confraria do Pão, 11 de Janeiro de 2010
Nota final previdente – Acreditamos que o assunto ficará resolvido com (nova) intervenção do Senhor Ministro da tutela. Mas, tudo é possível, pode ser que tal se não verifique. Neste caso, haverá que recorrer a outras instâncias do regime democrático. Solicitamos aos nossos leitores o favor de nos indicarem quais, agradecendo desde já.
Apoquentados com a situação e as consequências, em vez de publicarmos esta notícia no Blog, decidimos dar mais uma oportunidade ao poder.
Enviámos ao Senhor Ministro, com conhecimento ao Senhor Primeiro Ministro, a «notícia», acompanhada de uma carta que rezava:
SOS
De: joao madureira (confrariapao@hotmail.com)
Enviada: quarta-feira, 13 de Janeiro de 2010 10:10:56
Para: Ministro Administração Interna (dirp@sg.mai.gov.pt)
Cc: Gab Primeiro Ministro - PM (pm@pm.gov.pt)
Anexos:
Carta Aberta.doc (468,5 KB)
Senhor Ministro da Administração Interna
Excelência,
Vimos implorar-lhe que obste a que nos vejamos compelidos a ter de publicar no nosso Blog a notícia que anexo.
Ao contrário do que foi informado pelo Governo Civil, como poderá comprovar abrindo o respectivo sítio, a situação persiste, agora assumindo foros de...
impunidade!
Com respeitosos cumprimentos,
João Madureira
Na sequência, entrou na dança a Renata, aqui tratada familiarmente porque houve por bem fazer passar a ideia (aos Governantes que «acompanhavam a comédia») de uma pressuposta intimidade com o Presidente da Confraria do Pão, que a não conhece, tal como à Senhora Governadora Civil, nem nunca dela tivera ouvido falar.
Decidida, a Senhora Chefe de Gabinete da Senhora Governadora Civil, avançou com o seguinte mail:
Confraria do Pão - Site Governo Civil
De: Renata Marques (renata.marques@gov-civil-evora.gov.pt)
Enviada: sexta-feira, 15 de Janeiro de 2010 8:58:17
Para: confrariapao@hotmail.com
Caro João Madureira,
Serve a presente para confirmar a alteração da entrada relativa à Confraria do Pão no site do GCDE, modificada por mim própria no decorrer da manhã de ontem.
Aproveitaria ainda para lhe dar conta de uma certa estupefacção provocada quer pelo tempo que um assunto tão simples levou a ser resolvido, quer pelas proporções que o mesmo acabou por tomar. Pelo menos no que ao Governo Civil diz respeito, gostaria que acreditasse que inadvertidamente.
Com os melhores cumprimentos,
Acabada a leitura, fomos constatar «a eficiência» da «cara Renata». Nem queríamos acreditar, o Blog estava… pior, mais omisso.
Voltámos à dança, agora com mais um par, pelos vistos não só atrevida como também incompetente.
Exmª Senhora
Drª Renata Marques
Secretária do Governo Civil do Distrito de Évora
mail.geral@gov-civil-evora.gov.pt
C/C ao Senhor Primeiro Ministro e ao Senhor Ministro da Administração Interna
CONFRARIA DO PÃO, 15.01.10
Ass: Pedido de correcção V/ página na Net e seu e-mail de hoje
Exmª Senhora Secretária,
Cara Renata Marques,
Não tenho o prazer de a conhecer mas, assim mesmo, aceito, incondicionalmente e à partida, o tratamento que dispensa ao Presidente da Confraria do Pão (que lhe retribuo sem preconceitos), o qual, curiosamente, tem três formações superiores.
A observação tem razão de ser, exclusivamente, porque o fez na qualidade de Secretária do Governo Civil de Évora.
Não ficamos surpreendidos com a sua «estupefacção», seguramente menor, muito menor, que a nossa.
Que continua, agora assumindo foros de grave preocupação atendendo a que, a correcção que reclama ter feito na manhã de ontem, não teve em conta o que lhe solicitámos, pelo que, uma vez mais «inadvertidamente», acreditamos, ficou por cumprir o direito da nossa Associação a que o sítio do Governo Civil de Évora, onde a Renata é Secretária, exiba informação correcta sobre a Confraria do Pão.
Acresce que, pelo seu lado, cara Renata, ficou por cumprir o dever de juntar rigor e zelo no trabalho, lembro que de muito tardia remediação, a que se propôs.
Ficamos expectantes em relação ao tempo ainda necessário para que, na página do Governo Civil de Évora e nos detalhes respeitantes à nossa Associação, seja exibido o que solicitámos à Senhora Governadora Civil em 07.12.09, isto é:
Confraria do Pão (Alentejo)
Presidente: João Madureira
Morada: Monte das Galegas - Terena
Código Postal: 7250-065 TERENA
Telefone: 960136874
Email: confrariapao@hotmail.com
Blogs: http://confrariadopao.blogspot.com e http://joaodopao.blospot.com
Concelho: Alandroal
Categoria: Cultural
Com os melhores cumprimentos,
Confraria do Pão, 15 de Janeiro de 2009
O Presidente da Comissão Administrativa
No e-mail que lhe enviámos acrescentámos:
Cara Renata Marques,
Pedindo desculpa pelo lapso de só agora ter reparado que é «Chefe de Gabinete» e não «Secretária», como referido no ofício, solicitava-lhe a melhor atenção para a carta que anexo.
Com os melhores cumprimentos,
João Madureira
Uma vez mais o Senhor Primeiro Ministro e o Senhor Ministro confirmaram prontamente a recepção dos respectivos e-mails.
Uma vez mais, ao fim de 100 horas, o Governo Civil nada fez, como melhor se constata através da ligação
http://www.gov-civil-evora.gov.pt/index.php/gce/associativismo/confraria_do_pao_alentejo/(view)/concelhos/(oid)/194#activo
Conclusões especulativas sob a forma de legítimas dúvidas:
- Apesar de nomeada, a Senhora Governadora Civil «manda» mais do que o Senhor Ministro que a nomeou?
- O Senhor Primeiro Ministro tem um Gabinete de Assessores que só servem para confirmar a recepção de e-mails?
- Esta «comédia», que os governantes transformaram em «trágico-comédia», é prenúncio de que «a jovem democracia portuguesa» vai morrer antes de chegar a adulta?
- Quem e como pode pôr fim a tamanha impunidade?
- Haverá legitimidade da Confraria do Pão para continuar a existir ou será melhor entregar as chaves ao Presidente da Federação Distrital do partido do poder?
E com estas tormentas a dominar o nosso pensamento, vamos preparar a primeira reunião com o novo Executivo da Câmara Municipal do Alandroal, cem dias depois de ter sido eleito, dois meses e meio depois de ter tomado posse…
Confraria do Pão, 19.01.10
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